Com a incumbência de escrever um artigo para estrear no novo site AutoClassic, fiquei pensando qual seria o tema e conclui que nenhum seria melhor do que o destino de uma de minhas viagens favoritas, o maior museu de carros antigos da América Latina, o Museu da Tecnologia da Ulbra e antes que alguém me lembre que ele não existe mais, respondo: Por isso mesmo!!! Afinal, se existem pessoas capazes de acreditar e fazer com que o passado volte, elas estão aqui.
Com o objetivo único de conhecer o magnífico Museu da Tecnologia da ULBRA em Canoas no Rio Grande do Sul, eu o Rapha começamos a preparar o Del Rey para mais uma viagem com saída da cidade de São Paulo.

Impressionado com as inúmeras reportagens que li sobre o maior museu de automóveis da América Latina com suas centenas de carros, não haveria maior pretexto para nós colocarmos o velho de Del Rey na estrada outra vez. E assim, aproveitando as férias escolares do Rapha, partimos em julho de 2006 de São Paulo debaixo de um dos invernos mais rigorosos dos últimos anos, sabendo que certamente na região Sul o frio estaria ainda maior. A partir de Curitiba a temperatura baixou ainda mais ao ponto do Del Rey, na época movido a álcool, falhar após longos trechos de declives na BR116. Chegamos a substituir os cabos e velas em um posto de gasolina, pensando que o problema era na ignição do motor, mas era apenas o frio intenso.

Já em Canoas, com muita facilidade encontramos a Universidade que abrigava em seu campus o majestoso prédio com o maior acervo de carros antigos jamais visto em um único endereço no Brasil.
Chegamos por volta das 13h:00 e fomos almoçar no restaurante da Universidade. Depois do almoço, ao invés de partirmos diretamente para a visitação, resolvemos ir procurar um hotel nas imediações para bem cedo, no dia seguinte partirmos para o passeio que levaria o dia todo. Afinal não queríamos fazer algo tão especial às pressas.

Outra obra de arte em escala 1:1: Motocicleta BMW com side car, desafiando a lei da gravidade em uma das colunas do prédio.
Nossa visita teve tudo e mais um pouco do que esperávamos. Já conhecíamos os museus da Serra Gaúcha, aliás, um deles também não existe mais, mas nada que se compare à grandiosidade do Museu da Tecnologia da ULBRA. Alguns dos carros eu já havia visto, era o caso dos carros nacionais da General Motors, que foram expostos há muitos anos atrás no salão do automóvel de São Paulo. Dizia-se que a GM tinha o projeto de um museu para abrigar seu acervo em São Paulo, porém a excelente estrutura do museu da ULBRA a convenceu de enviar seu acervo em comodato à Canoas.

Tiramos inúmeras fotos dos mitos que habitavam os quatro andares do prédio, e encerramos os cliques com uma foto do Del Rey com o prédio (templo) ao fundo. Voltamos para São Paulo orgulhosos por termos em nosso país um lugar que nada devia aos melhores museus de antigomobilismo do mundo.
Depois desta viagem me lembro de ter lido matérias que previam a ampliação do museu com a abertura de suas oficinas de restauração estruturadas para visitação pública. Isso nos fez ter vontade de voltar um dia.
Em 2009 tivemos a notícia de que o museu permaneceria fechado temporariamente.

Incrédulos, na volta de outra viagem ao Rio Grande do Sul, passamos novamente na ULBRA e ouvimos a mesma história de um segurança da Universidade.
– O museu estaria fechado temporariamente!
Mais um carro de campeão. A Penske de Emerson utilizada em sua vitória nos 500 Km de Indianápolis de 1993.
Pouco depois a verdade viria à tona:
Problemas financeiros provocaram o fechamento definitivo daquele que foi, pelos poucos anos que funcionou, como o ponto de encontro dos amantes dos carros antigos. Seu acervo seria leiloado a colecionadores privados que agora manteriam aquelas beldades reservadas aos seus olhos e aos de quem elegessem.

Uma pena!
Para nós dois, restaria a lembrança do que vimos e a esperança de um dia surgir algo à altura em nosso país.
Para encerrar o passeio descemos a belíssima estrada da Graciosa no Paraná, mas isso é assunto para outro artigo.
Um grande abraço,
Wagner Peres Coronado
No Comment